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No More Heroes 1 & 2 e a não fantasia do herói — Artigo

Killer7 fez o nome de Suda51 e a sua equipe, Grasshopper Manufacture, ter certa fama fora do Japão. Um jogo polêmico para a critica da época mas que era um dos grandes chamativos para o GameCube junto de Resident Evil 4 e os outros jogos da Capcom. No More Heroes, mesmo sendo um sucesso “pequeno”, teve impacto o suficiente para fazer a Warner, EA e Ubisoft terem interesse no time e tornar Lollipop Chainsaw possível. No More Heroes é um clássico cult que marcou bastante, seja pelo quão bizarro é aquilo ser um jogo exclusivo do Nintendo Wii ou pelo estilo único que se destacou ainda mais no boom de hack and slashs e jogos mundo aberto. É provavelmente o projeto autoral mais comentado do Suda51 e um que já escrevi bastante sobre por aqui, com os meus textos de Travis Strikes Again e No More Heroes 3.


Aproveitando uma promoção, acabei rejogando o primeiro, peguei o pique para zerar pela primeira vez No More Heroes 2 e cá estamos. Considerando o que tinha falado no texto do último jogo da série, não planejava escrever mais sobre a franquia, mas ao assistir o canal Cvit fazendo um projeto de analisar quase todos os jogos de ação do PlayStation 2 e ir juntando eles em vídeos maiores, junto ao Hikkikomori Media fazendo vídeos dedicados a falar sobre todos os projetos menores da Grasshopper, acabei decidindo fazer uma mistureba desses conceitos. Como o próprio Travis diz na abertura do primeiro jogo quando ele te convida a zerar: "Mas quem sabe, isso pode ser irado! Isso pode ser perigoso ou pode ser uma completa merda. O que me diz cara? Vamos ver até onde a gente chega nessa.” Enfim, bora lá.


o exclusivo esquisito de Wii
Reprodução: No More Heroes

No More Heroes surgiu após Killer7 por uma vontade simples: Suda51 e Shinji Mikami queriam focar muito mais na política e em um cenário surrealista para o comentário do jogo funcionar, deixando mais de lado algo que era parte da característica da Grasshopper Manufacture, o quão aberto eles são sobre os próprios gostos e o quão mais próximos os jogos são com o público. Por volta de 2007 e 2008 hack and slashs estavam no seu ápice de popularidade com God of War e Devil May Cry, inspirando até mesmo Castlevania a tentar imitar o fantasma careca de Sparta. GTA 4 também foi lançado nesse período e o impacto dele é tão gritante que não é nem necessário comentar muito sobre.


E pra quê isso é importante? No More Heroes é um retrato da sua época, só que com uma personalidade muito única. Inspirado em Crazy Thunder Road, Jackass, a série Rocky, El Topo, toda filmografia do Takashi Miike, Devil May Cry e prestando homenagens a Fire Pro Wrestling e shoot’ups, No More Heroes surgiu. Santa Destroy, uma cidadezinha dos Estados Unidos com um sindicato para assassinos, toda oferta de bico possível e uma academia que tem um cara muito fã de filme de yakuza com o Sho Aikawa (literalmente eu) que tem Travis Touchdown como habitante.


Mas, quem de fato é esse cara?


Um otaku que vive no motel com a sua gata Jeanne, sua coleção de figures e jogos, um gunpla gigante e uma moto que veio direto de Akira. Ele se sustenta na base de bicos e foi inspirado diretamente no Johnny Knoxville, o carinha de Jackass. Um rapaz que comprou uma sabre de luz em formato de katana, que fez um curso com um personagem de Fire Pro Wrestling. Um otaku que segue um bushido próprio e que quer ser o melhor.


Uma paródia do Dante de Devil May Cry que mata um clone dele logo no trailer de revelação do projeto e uma paródia do gamer, em uma mistura de respeito e zombação com ambos. O Travis em No More Heroes 1 é o tipo de cara que anseia em viver a fantasia do poder, de lutar contra o mais forte, conhecer uma gatinha e ter vida boa pelo seu feitos. Ao mesmo tempo, ele é uma representação não só do gosto do Suda, da equipe da Grasshopper Manufacture, do player, mas também de quem ele é. Se você se interessou por No More Heroes, você certamente gosta de jogos japoneses, de jogos de ação, desse estilo mais anime, de parte da cultura punk, talvez até de robô gigante, wrestling e dos filmes do Miike.


E a conexão mesmo que superficial começa na abertura e se estende de acordo com como o jogo funciona, se Travis precisa balançar sua katana para recarregar, o  jogador vai ter que fazer a exata mesma coisa (na versão de Wii, em certa dose até os movimentos que ele faz para sair cortando 5 caras de uma vez). Se um comprou a ideia de tentar virar o assassino número um para pegar mulher, o outro também comprou e ficou tão habilidoso quanto ele seguindo as regras do jogo nesse caminho. Só que também tem uma reflexão disso tudo e como um personagem na pira pós modernista do Suda, é um pau para toda obra que vive fora da própria, reconhecendo seu papel como personagem de videogame e símbolo para discussões. Travis também é muito carismático, começando como um cara que no papel não seria tão gostável mas que a escrita e a habilidade do Robin Atkin Downes como dublador é tão boa que faz ele ser impossível de não gostar de interagir com esse otaku. No More Heroes é o jogo de Travis Touchdown e do jogador e cara, que jogo.


Adicionando aqui o adendo que o foco do texto não é analisar essencialmente o Travis, então por causa disso eu recomendo a série de vídeos do Senhor Genérico falando sobre o personagem em todos os jogo da séries de um jeito bem aprofundado e bem feito. 


Como fazer um clássico

No More Heroes é um caso engraçado, ele mantém parte do design punk não usual do estúdio que fez algo como Flower Sun And Rain existir mas ao mesmo tempo ele é acessível o suficiente para atrair quem só quer apertar botão e ver efeito maneiro acontecer na tela. Você tem um jeito não muito usual de como jogar, sendo algo diretamente do Wii e que todo mundo sabe que o Wii Mote não foi feito pensando em algo como No More Heroes existindo no console mas que ainda sim, funciona muito bem e com um looping perfeito para a sua proposta (combate extremamente satisfatório com posturas diferentes de ataque, finalizações especiais, bônus aleatórios, inimigos únicos). Você tem algo que supostamente barra a “diversão”, com Santa Destroy sendo um bairro “vazio” que você acha camisas no lixo e bolas espalhadas para entregar para um bebado e bicos, seja de assasinato ou de só cortar a grama por uns trocados e que você é obrigado a interagir com isso se quiser seguir no jogo. Você tem 10 chefes e estágios únicos, seja em design visual ou de como a luta ocorre, curtos e efetivos o suficiente para fazer ser viciante de jogar, ainda mais em doses pequenas todos os dias.


É um jogo que me atraiu quando criança por o quão único ele era e que ficou fixado no meu cérebro ao ponto que hoje em dia falta pouquíssimo para zerar todos os jogos do estúdio e estar seriamente cogitando gastar quase mil reais nos livros sobre o time. Só que ele carrega tudo o que faz a Grasshopper ser ela, não é atoa que mesmo sendo o jogo que mais deu certo em críticas, ele ainda sim não é tão bem falado por ser o oposto do que se espera e no pior dos casos é tratado como um jogo bobo que tem gente tentando achar pelo em ovo. Uma leitura bem fácil considerando a proposta e tom do jogo mas que é só prestar o mínimo de atenção que dá para ver que é bem mais complexo, seja pela direção e texto do Suda ou pelo modo que se joga No More Heroes. Por algum motivo, virou um clássico mesmo que o interesse na época era tão pouco que no dia do lançamento umas 10 pessoas vieram comprar e o time da Grasshopper foi oferecer algumas cópias de graça do jogo para quem estava próximo do evento de estreia. E por causa desse status de clássico, não é algo que tem muita coisa para se falar que já não foi dito antes. No More Heroes é de fato, muito bom.


Jogar No More Heroes é muito bom, a palestra onde Suda explica a ideia por trás do

combate e fala como a ideia era fazer algo satisfatório mostra que ele sabe muito bem fazer um jogo de ação quando não está em volta de uma bagunça empresarial tentando destruir a sua arte. É satisfatorio cortar uma cabeça fora movendo o analogico/controle enquanto o Travis xinga o coitado, finalizar alguém com um golpe puxado tanto da vida real quanto de um jogo que nem joguei direito ainda, pegar um bônus muito bom e usar logo no mesmo momento ou congelar o tempo por causa de uma esquiva logo antes de Bayonetta fazer isso. Fora a trilha sonora do Masafumi Takada e do Jun Fukuda que é excelente e faz o combo perfeito com o jogo em qualquer momento. A direção de cena é uma das melhores que se tem por aí, é criativa e muito divertida de se assistir e a escrita do Suda como de costume é algo de outro mundo e lida com tudo que quer de forma inteligente. Não tem o que se reclamar do primeiro No More Heroes a não ser a versão base por causa que o porte para PlayStation 3 e Xbox 360 muda a gameplay tentando fazer uma mistura esquisita entre o 1 e o 2 e o estilo gráfico com um “realismo”? E o porte da Steam que a Marveleous promete um patch de correção e um porte para consoles faz alguns anos já e nada então você fica com um jogo que mal funciona e quebrado com alguns sistemas só não funcionando.


Minha primeira experiencia com No More Heroes foi com o Wii desbloqueado emprestado do meu primo, cansado de só jogar coisa tipo Mario e Wii Sports fui atrás do que parecia mais único e me topei com ele, zerei e antes de poder continuar com o segundo jogo tive que devolver. Mas desde essa época eu sentia que tinha algo a mais no jogo e conforme fui crescendo minha opnião foi se formando melhor e até hoje não mudou muito. Só que rejogando mais velho e com anos de experiência com tudo que No More Heroes se referência, a experiência foi muito mais satisfatória e mais fácil de se comentar sobre. Afinal, assim como Travis e a Grasshopper eu consigo falar facilmente todos os filmes na parede da academia que ele vai e citar todo o elenco que participou dele sem problemas e também tranquilamente reconhecer as referências a outros jogos que não sejam Devil May Cry.


O Suda já é a definição do “Esse cara se diverte”, só que No More Heroes 1 é um dos jogos dele que mais abusa desse seu lado. O bom tom consegue fazer personagens como a Sylvia Christel existir, uma femme fatale que em um bar convence Travis a entrar na

Associação de Assassinos Unidos e que fica o jogo todo flertando com o protagonista para logo em seguida chamar ele e o jogador de pedaço de lixo pervertido que botou fé demais que qualquer pessoa chegaria perto de alguém que joga um jogo como esse. A função dela é essencialmente dizer na sua cara que Travis é um bosta que se acha demais, não entende a situação, o que ele vai atrás e o mundo em volta dele e que mesmo assim os dois são bem vindos a entrar nessa maluquice. Ela é divertida e dá pra dizer isso do elenco inteiro, todo chefe mesmo que com pouco tempo de tela, conseguem ter uma apresentação tão boa e trazer uma discussão sobre algo ou trazer só uma coisa maneira de forma tão eficiente que fica marcado para sempre.


E desse modo vemos No More Heroes mostrar a evolução de Travis de um otaku que não entende de nada para alguém que no final nota no que ele se meteu, quem ele é, a seguir de verdade o código que ele acha que segue por ter visto anime. Ele basicamente vira um cara mais legal e do nada no final se mete em uma luta parodiando Devil May Cry 3 com seu irmão gêmeo, Henry Cooldown que invés de gostar de samurai gosta de cavaleiro europeu no estacionamento do motel para deixar ainda mais na cara que No More Heroes é uma paródia e uma carta de amor a tudo que está em volta dele.

A série inteira para mim é uma discussão sobre como nos relacionamos com nossos próprios gostos e o que fazemos com isso, Travis Strikes Again é literalmente um debate entre o Suda como diretor, game dev e peça na indústria de jogos, ele mesmo como pessoa que cresceu jogando e até hoje acompanha a arte crescendo e o jogador. E o primeiro jogo sinaliza isso igualmente bem, temos piadas sobre o que o gamer médio tem interesse ou não, sobre como lidamos com a violência na mídia, temos o jogo pulando diálogo no penúltimo chefe, tem o Travis e o Henry se questionando sobre as escolhas estranhas do jogo e sobre achar o suposto paraíso. Se você quer ver algo que abraça tão bem suas influências e pensa sobre elas como parte desse abraço ou só quer um hack and slash competente e muito divertido, não tem desculpa para não tocar nele.  E como a própria Sylvia diz, que pena que não teve uma sequência…Né?


No More Heroes 2, a sequência do exclusivo esquisito de Wii

Como disse, No More Heroes deixou a Grasshopper livre para o mundo. A pedido da Koei Tecmo, eles fizeram Fatal Frame 4 que Suda só aceitou fazer mesmo tendo pavor de fantasmas por causa que era a série de jogos favoritos da sua esposa. Fez a Ubisoft na sua época ter interesse de publicar os portes do primeiro jogo, a EA a financiar um projeto de terror junto do Shinji Mikami, a Warner com Lollipop Chainsaw e uma suposta sequência espiritual de Killer7 com Killer Is Dead. Como alguns já sabem, isso não deu muito certo, parte da produção de projetos como Frog Minutes, Liberation Maiden, Black Knight Sword e Short Peace: Ranko Tsukigime’s Longest Day foram tranquilas mas outras como Shadows of The Damned foram tão amaldiçoadas que Suda ficou quase 10 anos sem tentar fazer qualquer coisa relacionada a um jogo. No More Heroes 2 surge nesse contexto por conta da demanda e pressão, o primeiro era para ser essa única aventura só que o retorno foi tão bom que não tinha como dizer não para a Nintendo, parte da equipe original se manteve e outra foi fazer os outros projetos que foram chamados, Suda mesmo só escreveu a sinopse e vazou para Fatal Frame 4 (considerando a data de produção entre cada jogo).


A direção do projeto ficou para Nobutaka Ichiki, que não fez muita coisa de destaque no estúdio mas que sempre estava envolvido na produção dos jogos desde de Samurai Champloo: Side Tracked (ou do jogo cancelado que teve nessa época, considerando de novo a data de produção). No More Heroes 2 para quem não conhece os fãs, segundo a crítica é mais do mesmo só que muito mais exagerado. Só que conhecendo o público, ele é basicamente o Devil May Cry 2 da série e até agora eu nunca tinha tocado nele por conta que meu primo vendeu o Wii, quando eu tinha uma máquina boa para emular ele não estava no topo das minhas prioridades e quando fiquei com muita vontade de jogar, não tinha mais como e graças ao Steam Family Share, cá estamos. Tentei ir de braços abertos para No More Heroes 2 e voltei disso de um jeito um tanto quanto inesperado.


No More Heroes 2 começa de jeito similar com o primeiro, dessa vez temos um narrador próprio falando sobre Santa Destroy. Essa cidadezinha da Califórnia após os eventos do

primeiro jogo se tornou uma metrópole, a Associação dos Assassinos Unidos que no primeiro era para ser supostamente uma piada virou algo real e assasinato virou uma espécie de esporte extremamente popular e Travis era o rei dele que largou a coroa. Santa Destroy por causa disso ficou extremamente violenta, um lugar onde todo mundo mata o outro atrás de sucesso ou vingança e isso acabou chegando de novo em Touchdown. O jogo abre com a primeira vez em anos que a neve caiu na cidadde e Travis está no telhado lutando contra o irmão do cara que era tão irrelevante para ele que nem lembrava de ter feito isso (é a parodia do Dante da abertura do primeiro jogo e curiosamente o irmão mais novo dele é basicamente o Cloud Strife de Final Fantasy 7).


A vitória foi fácil e terminou com uma cabeça arrancada, só que de algum jeito enquanto o perdedor ainda estava consciente ele anunciou que Travis foi burro e que tem um esquema enorme de vingança para destruir a vida dele e das poucas pessoas dispostas a estarem proximas dele. E isso se prova real, com Bishop seu melhor amigo sendo morto e Lovekov o cara que ensinou alguns golpes para ele por troca de coletáveis no 1 também teve o mesmo destino. Sylvia conta que o mandante do crime foi Jasper Batt Jr, o CEO da rede de pizzas que dominou Santa Destroy e também assassino número um do ranking e Travis parte em uma jornada para subir os rankings e se vingar. Inicialmente, isso é uma proposta legal apesar de estranha. No More Heroes 1 não era para ter uma sequência então no fim do jogo tudo vira uma piada justamente com o intuito de mostrar que não era para vir nada a seguir (apesar que só em No More Heroes 3 eles conseguiram fazer isso de jeito eficiente) e a solução para o segundo jogo acontecer foi ignorar esse detalhe e deixar os personagens num status estranho. Travis foi de fracassado que entendeu o proprio fracasso e começou a agir melhor para um heroi de anime ala Afro Samurai, Sylvia foi de parodia de femme fatale para uma 100% e coisas irelevantes ficaram relevantes. Per se, isso  não é um problema mas dá para ver que o jogo vai ser questionável justamente nas primeiras três fases. 


Vamos começar falando das mudanças, Santa Destroy explorável foi para o saco. Parte por conta das críticas a ela no primeiro jogo, parte por motivos de desenvolvimento, mesmo que ela tenha áreas completas. Não temos o gosto de experimentar como ela mudou e ver a violência nas ruas, mas temos uma música de menu muito boa e um acesso rápido para tudo que era “interessante”. A loja de roupas continua, a Doutora Naomi ainda existe vendendo katanas e upgrades para Travis e os trabalhos agora viraram todos minigames inspirados em vários jogos como Super Hang On e Tetris, só que agora não existe mais motivo para interagir com nada disso por causa que não tem taxa para pagar as missões, deixando o jogo supostamente melhor por tirar o que era “inútil”.


Por algum motivo, o que se tornou mais complexo foi o quarto de Travis, você pode explorar e conhecer um pouco mais do assassino e também pode jogar um clone de Touhou, ler revistas de wrestling e ajudar sua gata, Jeanne a emagrecer já que ela ficou com 20kg nos últimos três anos. No More Heroes 2 tenta deixar o jogo mais “prático”, o único motivo para ir trabalhar é querer dinheiro o suficiente para comprar todas as katanas ou pegar uma roupinha maneira, você só faz as secundárias se quiser poder deixar Travis sem a jaqueta e desbloquear  uma animação nova de finalização, assim como a academia só serve para quem quer ter bônus de vida e ataque. Não é necessário interagir com o mundo, a única coisa que o jogo te pede é ir no banheiro para salvar antes de junto com Travis partir para a fantasia de poder.


O combate de No More Heroes 2 começa estranho por conta do jeito que ele posiciona a câmera mas logo começa a ficar tão bom quanto o primeiro. Os estilos de posturas dedicados para cada katana começam a ter um peso muito maior para a gameplay e os modos que você ataca tem uma dinâmica muito mais enfatizada, por exemplo, ataques leves geralmente são os que puxam de baixo para cima e a câmera acompanha esse movimento e dá liberdade para fazer combos com juggle enquanto os pesados servem para manter o ritmo de jeito muito efetivo. Os pequenos golpes físicos que Travis fazia agora viraram um estilo completo que consegue causar dano então a mistura desses três fica muito incentivada, os golpes de wrestling ficaram muito mais efetivos e com animações bem mais variadas ao ponto que me deixou coçando para começar um Fire Pro Wrestling e os bônus que você pode receber após cada morte, apesar de terem sido simplificados a matar todos na área, tem um jeito diferente o suficiente de fazer isso e de mostrar o que o jogo quer fazer com o Travis, afinal agora ele vira literalmente um tigre invés de um Super Saiyajin para sair matando todo mundo com um toque.


O cenário também mudou, enquanto no primeiro jogo ele só existia e servia para no máximo criar situações legais com a câmera com homenagens a beat ups igual Kunio Kun e Final Fight aqui ele serve para ajudar no dano e criar mais dinamismo para luta, algo bem parecido com SpikeOut e funciona muito bem. No More Heroes 2 é divertido de jogar, o primeiro pode ter o mesmo efeito de Devil May Cry 1 de ser tão perfeito na sua simplicidade que uma versão mais complexa parece ser algo que tiraria a graça, mas não foi o caso para mim. Ele consegue ter até certo destaque na série, considerando que Travis Strikes Again foi para um lado bem diferente apesar de manter a mesma base e No More Heroes 3 também.


As fases ganham até uma direção nova, agora Travis precisa primeiramente lutar contra um exército antes de chegar nela e nesse momento tudo estará em silêncio e quando ele finalmente conseguir chegar, uma música explode e a fase começa de fato e isso é um puta truque de direção bem escolhido. A fantasia de poder é vendida pelo quão habilidoso Travis ficou, ele é um tigre disfarçado agora, o mundo em volta dele continua violento mas Touchdown é mais. Músicas como It’s Kill or Be Killed e o estágio no geral ficam muito mais marcantes por isso, entrar no hotel e ouvir o tema explodindo enquanto faz o seu lento caminho até o chefe da vez é ótimo e algo que nunca fica velho, apesar de ter exemplos claramente em que isso não é tão bem usado. E de novo, até agora nada de errado, então vamos as três primeiras fases. 


Como não entender No More Heroes
Reprodução: No More Heroes 2

O primeiro chefe do jogo é Nathan, um rapper no topo de Santa Destroy com poder e mulheres em sua volta e que quer matar Travis Touchdown pela glória de derrotar o “Rei sem coroa”. Ele começa a luta jogando as duas moças que estavam do seu lado em Travis e ambos começam a lutar enquanto despedaçam as duas e para quem jogou o primeiro jogo sabe que isso não faz o mínimo sentido para Travis. Touchdown é contra matar civis, o que ele quer são boas lutas e inicialmente por conta da misoginia dele até não conseguia matar mulheres, mas depois de superar isso ficou nessa regra de não matar quem oferece zero perigo para ele.


Então vê-lo só partindo no meio duas mulheres só para ter uma cena “legal” de impacto antes da luta começar é de fato uma escolha. E o confronto segue de jeito típico, Travis vence só que ao oposto de No More Heroes 1, nada é dito fora que teve um espetáculo. Logo na segunda fase voltamos para o estádio de Santa Destroy e Travis vai enfrentar um grupo de assassinos que é um time de futebol americano que se transforma em robô gigante (infelizmente sem nenhuma homenagem a Getter Robo ou Super Sentai) e a luta acontece com Travis chamando o seu Gunbuster para a luta e as coisas acontecem de jeito parecido com Nathan, só que por algum motivo Travis agora reflete que não queria ter matado o time de torcida e se sente menos culpado quando Sylvia conta que elas faziam parte do ranking de assassinos e que não eram inocentes como ele pensava.


A distância de como as duas situações são pensadas e o quão rápido é o tempo entre cada uma deixa uma sensação bizarra, parece que os chefes foram pensados por duas equipes diferentes sem qualquer tipo de contato com a outra e na terceira fase que vem diretamente de Splatterhouse não acontece algo tão gritante assim mas se mantém que a ideia por trás de No More Heroes mudou, esse não é um jogo que zoa você e o protagonista por ter comprado a ideia de usar um sabre de luz para matar gente e tentar ir para cama com uma loirinha, é um que te recompensa por isso. Travis tinha seus momentos legais no primeiro jogo mas sempre em seguida Sylvia aparecia para falar na cara dele que ele é um merda ou acontecia um momento muito engraçado usando os efeitos sonoros de Looney Tunes para deixar claro que ele ainda sim é um idiota. No More Heroes 2 quando Travis faz algo maneiro que é enfatizado pela ideia genial de deixar para o jogador finalizar  os chefes fazendo os movimentos junto do protagonista, a Sylvia aparece logo em seguida e fica flertando com o protagonista e as piadas do jogo nessa hora são basicamente Kkkkkkkk eita bicho sexo kkkkkkkkk. É uma visão diferente que te faz estranhar o começo que só vai piorando com o tempo e para não parecer um discurso raso igual o que está tendo com Stellar Blade, vamos mais a fundo nisso.


Por conta de No More Heroes 2 e o período em que ele foi lançado (onde jogos asiáticos eram considerados a pior coisa que existia ou soft porn) a Grasshopper ficou conhecida como um estúdio que faz jogos com conteúdo sexual bem apelativo e tem isso como um dos principais apelos. De fato, o time sempre abordou sexualidade, seja com The Silver Case, Flower Sun And Rain e The 25th Ward ou com Michigan Return from Hell, Killer7 e No More Heroes, eles nunca tiveram nenhum problema em expressar isso e usaram de diversos modos, seja para mostrar proximidade dos personagens, causar impacto com algo mais de horror, tal comportamento de personagem X ou só pelo humor. É literalmente o estúdio que para mostrar um personagem entrando na loucura por meio do combate colocou a opção de ficar excitado para ganhar a luta. Então eles têm experiência e uma visão propria, Suda mesmo na epoca do lançamento de Killer Is Dead falou de como sexo e sensualidade

não deveria ser um taboo e que mesmo sendo um tema sensivel é um que você pode abordar varias coisas e vemos na biblioteca do estudio, justamente isso. O problema é que quando isso não era necessário, simplesmente não era algo colocado, não era um dos focos do estudio e pós No More Heroes 2 essa ideia teve que ser abandonada, mesmo que eles ainda tentassem trabalhar do melhor jeito que dava com os pedido, Killer is Dead mesmo transformou o mandato de ter sexo e mulher de biquini em uma brincadeira com o molde de 007.


Só que o que No More Heroes 2 fez que acabou deixando a Grasshopper nesse estado foi transformar a fantasia de poder de Travis de ter as mulheres caindo pra cima dele em algo real. Não é por questões moralistas, No More Heroes usava as mulheres e as aparências dela para serem um confronto direto com Travis, seja para deixar explícito sua falta de coragem e misoginia ou como ele queria viver em uma fantasia sem nunca pensar na sua realidade e que isso nunca iria funcionar por muito tempo. No More Heroes 2 decide fazer os modelos mais apelativos e fazer toda personagem feminina querer ficar com Travis e flertar muito com ele, Shinobu uma das primeiras chefes do jogo anterior volta e larga todo o desejo de vingança que ela tinha pelo protagonista em um jogo que diz que sua proposta é falar justamente sobre vingança e torna ela em alguém completamente apaixonada por Travis e o quão habilidoso ele é, tentando beija-lo e levá-lo para cama e ele rejeita por bom senso de não querer ser o equivalente de um professor velho tarado. Shinobu quando não está assim nas suas duas fases age de jeito mais semelhante a como ela estava no final do primeiro jogo, confiante na própria habilidade e fria só que sempre deixando escapar alguma coisa sobre o Travis. Ela virou um objeto para a fantasia e dá para resumir o elenco feminino todo nisso. Doutora Naomi que no primeiro jogo só xingava o Travis e agradecia por ele pagar, que mal sequer dava para chamar de personagem (não é atoa que o 3 transforma ela em uma literal árvore), no 2 fica em uma espécie de flerte agressivo com Touchdown e Sylvia deixa de atacar Travis e só promete recompensas sexuais.


É uma fantasia, fantasia existem, o problema é que o primeiro jogo literalmente questiona a existência dela e faz o protagonista evoluir o suficiente querer  achar a saída dela e achar seu verdadeiro paraíso. Flower Sun And Rain mesmo é sobre escapismo e termina o jogo pedindo para quem jogou refletir e reconhecer que um mundo sem problemas em que o dia perfeito se repete para sempre é uma mentira e que você pode tomar todo tempo que quiser se estiver disposto a enfrentar o que te incomoda tanto. Kill The Past é sobre enfrentar o que te incomoda e sair como uma pessoa melhor por causa disso então é um incômodo de fato ver que No More Heroes 2 te vende o oposto disso e que ficou tão exagerado ao ponto que ajudou Shadows of The Damned sair do jeito que saiu. Dá para entender facilmente o motivo do jogo ser o Devil May Cry 2 da sua série, ele pode ser legal mas tudo que ele faz vai ao oposto do proposto de jeito tão forte que qualquer um que gostou de qualquer outro projeto da Grasshopper, teria certa dificuldade de gostar. Só que como disse, sai dele com uma conclusão um tanto quanto inusitada, No More Heroes 2 na reta final por algum motivo decide apontar todos os seus erros e fazer algo mais no estilo do que fez o primeiro jogo funcionar tão bem.


O Não Mais Herói e a sua Não Mais FantasiA
Reprodução: No More Heroes 2

Contextualizando primeiro: depois de derrotar um chefe que Travis não conseguiu derrotar no primeiro jogo por interferência do seu irmão ele acaba descobrindo justamente o próprio transformado em estátua igual o Han Solo no final do episódio 5 de Star Wars e Shinobu apareceu também falando que matou mais alguns assassinos para ajudar Travis. Henry sobrevive a um pesadelo com anime, faz a mesma coisa para agradecer o seu irmão pela ajuda e voltamos a jogar com Touchdown. Shinobu acabou encontrando o Takashi Miike que era um amigo próximo de Bishop e entrega para ela uma arma que o finado melhor amigo de Travis deixou com ele que faz o jogo basicamente virar Ryu ga Gotoku Kenzan e depois disso, Touchdown estava ansioso para voltar a ativa e terminar logo sua jornada.


Só que para mim aconteceu algo, tinha esquecido que o jogo tem um chefe secreto e secundárias e antes de partir para próxima luta fiz o processo para liberar os dois que em resumo é só voltar para o motel antes de uma fase começar. Kimmy Howell uma estudante apaixonada por Travis convida ele para uma luta até a morte em sua escola, a Associação de Assassinos Unidos transformou de fato os duelos de Travis em esporte e a garotinha queria mostrar seu amor pelo ídolo através da matança, Touchdown ganha mas poupa a menina finalizando a luta com um power bomb e logo em seguida, fica liberado seguir para as secundárias que se resume a caçar todos que ajudaram a matar Bishop. O que conceitualmente é incrivel, existe até uma animação que até dois anos atrás nunca tinha saído do Japão mostrando a “relação” desse grupo com Travis e ia ser ótimo de ver o jeito que o jogo ia lidar com isso, ainda mais que liberei isso logo no momento em que Touchdown estava todo animado para finalmente acabar com isso. Só que, nada demais rola e isso foi provavelmente por causa de algum problema de desenvolvimento, considerando que o time em entrevista diz que o que  mais queriam refazer no jogo é justamente isso para dar mais destaque. Mas não tem problema, o chefe da vez seria Ryuji, um bosozuku, um delinquente punk que é apaixonado por customização de veículos e que enfrenta Travis como se fosse uma luta épica entre dois samurais a cavalo.


No meio do pôr do sol, ambos em suas motos  até que o primeiro caísse e a luta fosse para katana contra katana. O tigre contra o dragão, forças equivalentes e que só um ganharia, a luta é difícil e extremamente divertida, ambos com um moveset parecido e nesse momento eu finalmente me conectei com o Travis no 2, afinal é justamente esse o meu tipo de coisa e o momento que eu mais esperava do jogo inteiro desde que vi mais sobre. E não decepciona, a luta é ótima e um dos poucos momentos na série que dá para ver o quão feliz Travis ficou com uma luta, Ryuji era a representação do que ele de fato queria, só que Sylvia aparece e fuzila o perdedor que estava descansando. Travis fica sem reação e invés dela flertar, ela só humilha ele por essa ideia fantasiosa de ter uma luta mitológica entre dois guerreiros. E do nada, No More Heroes 2 fez alguma coisa fora o espetáculo.


Sabemos o que Ryuji representa, o que aquele momento significou para Travis e o quão duro foi ver as regras do jogo destruindo a realização de um sonho e Sylvia não teve piedade nenhuma. A próxima fase começa bem demais, depois de lutar contra um exército no estacionamento Travis entra em um mercado enquanto No More Riot explode, um punkzão dos bons que me lembra algo que o The Stalins (uma banda punk japonesa) faria toca. O lugar é todo destruído e enquanto Travis sobe a escada ouvimos Sylvia falando sobre o anjo da morte que só de ouvir seu canto a pessoa morre (entre cada transição de estágio da fase a Sylvia aparece em um lugar estranho no suposto futuro falando sobre Santa Destroy e suas lendas). No telhado, encontramos o tal anjo: Margaret Moonliight próxima a lua cheia e começa sua canção dedicada para Travis: Philistine/Filisteu, uma música que fala por si só.


O filisteu é um termo filosófico que basicamente se refere a alguém anti-intelecto, que subestima a arte, a espiritualidade e tudo em volta do pensamento. Aquele que se acha inteligente e que entende das coisas só que na verdade não entende de nada.


Margaret basicamente em 5 minutos fala tudo o que o jogo não falou para Travis, essa vingança dele não o faz um herói nobre, ele não é um tigre escondido, no máximo um gato assustado. Travis é só um otaku que por algum motivo conseguiu viver essa fantasia de poder que é No More Heroes 2 e junta isso com a luta sendo ótima, Margaret é divertida de se enfrentar com o estilo de longa distância dela e depois de finalmente vencer, a luta acaba em respeito. Margaret pergunta o que Travis acha da música e ele fala que é viciante, amou e decorou. O anjo da morte merecia tanto respeito quanto Ryuji e Travis entregou isso sem problemas e isso é essencialmente o que define a reta final do jogo: respeito.


É como se de repente, No More Heroes 2 lembrasse do que fazia o primeiro tão bom fora do superficial e decidisse aplicar isso do seu próprio modo, Travis virou um personagem de paródia de novo invés do que ele estava tentando parodiar e Sylvia voltou a agir como ela, não tem muito o que se salvar a essa altura do campeonato mas o jogo ainda tem chance o suficiente para se redimir. E aí que volta o que mencionei mais cedo, No More Heroes 2 parece que foi feito sem contato nenhum entre os times por causa que a momentos atrás teve a Shinobu tentando ir para cima de Travis e slow motion para cortar uma bunda com ela rebolando em sincronia. E como alguém que jogou Shadow The Hedgehog em que a proposta é toda fase e cena serem desconexas entre si para que o jogador tenha a experiência de montar a própria rota, No More Heroes 2 é mais desconexo.


Logo em seguida temos Travis andando de moto sem nenhum obstáculo para chegar até o Capitão Vladmir, um astronauta assassino da União Soviética que se perdeu no espaço no meio da Guerra Fria e agora fica viajando sem entender nada e matando qualquer um que aparecesse. E o que rola não é necessariamente uma luta mas sim Travis dando o golpe de misericórdia, deixando Vladmir finalmente voltar aos seus sensos e ver que está na Terra e apreciar os seus últimos momentos de vida, Sylvia até tenta acabar com o momento mas Travis não deixa e manda até um “Glória para a URSS” (camarada Touchdown?). E adivinha só, isso é algo coerente com o primeiro jogo, logo na segunda luta vemos Travis respeitando seu adversário e dando o que ele queria antes de morrer. Até aí, o jogo já tinha ficado bem melhor na minha cabeça, mas foi a penúltima fase e chefe que me fizeram acabar gostando de fato dele.


A penúltima fase começa de jeito único, Travis anda em uma linha reta entre vários apartamentos procurando o mural de adoração ao rei e conforme chegamos ao fim dessa linha reta vemos justamente isso, um grafite gigante da cara de Touchdown e em silêncio absoluto, continuamos.


Matamos alguns grupos até entrarmos de fato e começar a tocar From Dusk Until Dawn/Tooth Paste, a melhor música do jogo que define perfeitamente a quebra dessa fantasia e uma reflexão sobre os últimos chefes que Travis enfrentou. E aqui é um momento perfeito para falar que No More Heroes 2 tem uma das melhores trilhas sonoras em um video game, é um álbum punk que ainda consegue ser bem variado e meter até jazz e hip hop mas que tem um estilo e intenção clara, é atmosférico e casa com toda situação de um jeito que é impossivel imaginar outra musica tocando e nesse momento nada deixava mais claro o que estava passando na cabeça do Travis sem ser ver a música explodindo enquanto ele abria o corpo de trinta seguranças.


Finalmente chegamos no ponto de encontro com o segundo lugar do ranking e vemos uma mulher deprimida, queimando fotos e pensando sobre tudo, questionando o ambiente que ela vive e falando de como queria ser igual Travis, alguém que fugiu desse ciclo mas ao mesmo tempo voltou. Ela é forte o suficiente para se tornar o número um mas só queria acabar com aquilo e Touchdown entende o sentimento, mas não tinha outro jeito. Os assassinos se enfrentam em uma luta respeitosa, difícil,  mas que no fim das contas é só deprimente (inclusive, notem que o tema dela e do Ryuji tem o mesmo nome). Travis ganha e a única coisa que ela pede é que ele se lembre, que existia uma assassina chamada Alice. Com o sangue dela espalhado por todo corpo dele, Touchdown grita em desespero e bate no chão até Sylvia chegar, para o azar dela aquele foi o limite do protagonista.


Que depois de passar o tempo todo em uma fantasia, disse não a ela. Agora ele respeita, entende e sente as coisas, ele continua servindo o seu propósito como personagem paródia, só que ele é um personagem mais complexo que uma piada, assim como os assassinos. O seu sonho de uma luta digna foi destruído, se tornar o número um e ter sucesso não deu em nada, pela primeira vez No More Heroes 2 se pareceu com algo que espero de um jogo que se encaixe em Kill The Past. Só que vocês sabem o jogo que estou falando então obviamente em seguida tem uma cena de sexo de Travis e Sylvia que conseguiu acalmar os nervos de Touchdown, só que pelo menos dessa vez parece algo mais do primeiro jogo e teve efeito sonoro engraçado ala Fable 3. A última fase é basicamente os mesmos sentimentos, temos uma fase maneira que constrói o terreno final para Travis finalmente se vingar e o jogo vira The Last of Us Parte 2 se fosse mais engraçado.


O responsável por trás de todos os eventos é o filho dos CEOs da pizarria que matamos nas missões secundárias do primeiro jogo, um riquinho mimado irritante com poder o suficiente para se vingar e Travis aceita o desafio, seu irmão até aparece para ajudar e parece que o jogo vai terminar com uma fantasia só que as coisas vão para a direção oposta. Batt depois de ser derrotado pelos irmãos vira um kaiju bebe voador vestido de super herói e Henry sai de tanta vergonha falando que ele tem respeito próprio e deixa Travis para terminar sua vingança enquanto toca uma música que tenta ao máximo vender a ideia que essa é uma luta no mesmo nível que Kazuya Vs Heihachi. É a Não Mais Fantasia, Travis tenta terminar a luta de jeito épico e ser esse anti herói que teve sua vingança e parcialmente ele consegue, só que cai para sua morte. No More No começa a tocar, o tema de vitória que tocava depois de subir de ranking se revela na verdade uma música triste e no último momento antes de morrer, Travis é salvo por Sylvia e é jogado igual cachorro abandonado de volta para o motel. Aquela fantasia não adiantou de nada, essa vingança terminou de um jeito patético e o único resultado foi deixar Travis cansado e tivemos sorte que esse cenário teve como sequência Travis Strikes Again que consegue fazer esse final ficar ainda melhor. 


Concluindo

No More Heroes é um clássico merecidíssimo, um jogo esperto e extremamente divertido que não se tem quase nada igual até hoje. Já No More Heroes 2? Ele é difícil, tem muita coisa que me incomoda, decisões que me fazem ficar triste por tirar o que fazia o original ser especial mas ao mesmo tempo conseguiu ter uma reta final tão boa que me fez chegar a conclusão que essa era ruim para a Grasshopper que ele causou não teve resultados tão ruim, nem ele é 100% ruim, só deprimente de ver que a intenção artística original teve que apanhar para os jogos serem lançados mas que mesmo assim, ainda tinha artistas que conseguiram fazer uma arte boa. A série toda de No More Heroes é ótima e vale a pena demais, mas é algo que recomendo ainda mais se decidir entrar de cabeça na pira que é Kill The Past ou os jogos no geral da Grasshopper Manufacture. Texto editado e revisado por Maya Souza (@ShinMayanese).


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