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Foto do escritorGabriel Morais Oliveira

Minishoot' Adventures: e se Zelda fosse um Bullet Hell? — Análise de Bolso

Pode soar estranho, mas é uma mistura que não poderia ter dado mais certo!


Minishoot' Adventures é uma imaginação de como seria se misturássemos um metroidvania com bullet hell e a exploração do primeiro The Legend of Zelda. A proposta pode parecer confusa, mas eu não esperava me surpreender tanto com um trabalho tão simples, mas ao mesmo tempo cheio de carisma.


Logo de cara, uma das coisas mais interessantes é que todos os personagens do jogo são naves dotadas de uma espécie de alma que as tornam sensientes, expressivas, e até "humanizadas", por assim dizer, e com uma direção criativa muito bem construída para abranger essa escolha de dar vida para um punhado de metais e cristais.


QUem você é sem os poderes que carrega?

Em Minishoot', nós controlamos uma navezinha, a Cria do Cristal, escolhida pelo Guardião para enfrentar a ruína do recém-acordado Ser Excluído. A história não é de uma complexidade ferrenha, mas para quem tem uma inclinação a se envolver com a exploração dos primeiros jogos da franquia Zelda, 14 horas para fazer 100% do jogo passaram como se fossem nada. Todos os tropes do herói de gorro verde se manifestam em nosso protagonista, como a sua não vocalização, pequenez diante de um mal gigantesco, e principalmente a coragem.


Enquanto o paradigma utilizado de Zelda traz uma mecânica simples e muito da evolução do arco de personagem baseada no que vemos, e não no que controlamos, a temática da coragem cai como uma luva em Minishoot' por nos colocar diante de um dos gêneros mais aterrorizantes dos jogos, o bullet hell.


A missão que carregamos é a de enfrentar biomas inteiros em busca de 4 chaves para abrir o portão que abriga um ser exilado diante da corrupção advinda de grandes poderes, e durante todo o jogo nós abraçamos a ideia maniqueísta de que esse ser excluído e corrompido era maldoso em sua essência, até que nós repetimos os seus feitos heróicos e nos encontramos com tanto poder quanto, se não até mais, que o antagonista da história.

Afinal, o Ser Excluído, como descobrimos no decorrer da jornada, também foi responsável por enfrentar hordas de inimigos e trazer a paz para o reino, mas decidiu abrir mão dessa paz para manter os seus poderes. Cabe a nós a escolha de aceitar que evoluímos, cumprimos o nosso papel, e que isso basta, mesmo depois de termos tanto poder merecidamente em nossas mãos.

Confesso que a união da história, mesmo que simples, com os desafios do bullet hell, conseguiram me comover quando me foi apresentada a mecânica de apagar o salvamento no final do jogo. A metalinguagem do apagamento da nossa existência com o fim da jornada, após o peso da nossa crescente evolução, quase palpável diante do tamanho do nosso poder no final do jogo, exala emoção frente aos desafios que no começo pareciam impossíveis. Poucas vezes o meu coração se encheu de orgulho e saudade antes de fechar a tela de um jogo, e Minishoot' conseguiu fazer isso com uma ternura inexplicável.


O aterrorizante "Bullet Hell"

Levando a sério a sua proposta, Minishoot' tem uma progressão substancial de dificuldade e não deixa nada a desejar tanto para quem não é adepto ao bullet hell, quanto para os aficionados na mecânica. Entretanto, para o segundo grupo, os verdadeiros desafios estão localizados nos objetivos que levam ao "final verdadeiro" de Minishoot', que abrange a liberação completa do mapa, a coleta de todas as melhorias para a nossa navezinha, e uma arena com chefes mais difíceis e requisitos como não perder mais que 4 corações em cada etapa. Existe uma gama satisfatória de padrões de projéteis dos inimigos para aprendermos e enfrentarmos, mas somente nas fases extras é que temos desafios encorpados.


A gama de poderes permite à nossa navezinha desviar de balas, erradicar projéteis próximos e diminuir a velocidade do tempo com especiais, além de atirar projéteis mais fortes que consomem cargas de energia, mas a mecânica de utilizar essa energia para também aumentar temporariamente a velocidade da nossa nave, abre margem para movimentações mais frenéticas e fases de corrida extremamente divertidas.


Um PLANETA cheio de vida

Quanto ao mapa de Minishoot', este é muito bem construído, oferecendo um prazer acolhedor na sua exploração, com diversas ferramentas disponíveis para garantir controle do que ainda não podemos explorar, devido a melhorias que ainda não foram realizadas ou bloqueios de progressão. Um verdadeiro paraíso para quem costuma ficar perdido no estilo metroidvania.


O banquete musical fica por conta da trilha sonora que nos enche de aventura e mistério presentes na odisseia espacial de Minishoot' Adventures. E o melhor de tudo é continuar encontrando referências em Zelda, mesmo nas músicas do jogo. Por exemplo, o estúdio SoulGame, responsável por Minishoot, descreve a música Blue Spirit como "basicamente a sequência introdutória da fada Navi de Ocarina of Time com uma fusão estranha de bateria de metal".



Mesmo revisitando gêneros clássicos como metroidvania e o próprio bullet hell, Minishoot' Adventures é uma obra que traz frescor e nos relembra de que é possível encontrar uma experiência absurdamente divertida na simplicidade, ganhando a nossa confiança na recomendação. Indico fortemente para quem está buscando um jogo confortável mas que não pensa em abrir mão de um belo desafio. É uma pena que o título ainda não esteja disponível para outras plataformas como o Nintendo Switch, já que a experiência seria perfeita para vivenciar no portátil.



Agradecemos gentilmente a SoulGame pelo envio de chave de Minishoot' Adventures para produção de conteúdo.




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