top of page

Granblue Fantasy Relink e o prazer da simplicidade - Análise

Reprodução: Cygames

O esbanjar caótico e ao mesmo tempo ordenado que resulta em um panorama heterogêneo e confuso de cores e partículas, um infinito choque entre 2 forças distintas, cujo o propósito é singular, prover o que todo ser humano anseia: dopamina. Seus dedos movem-se de forma inconsequente pelo controle, buscando retroalimentar essa cadeia para satisfazer seus desejos. Tal situação não é particular do Granblue Fantasy Relink. Nioh, Monster Hunter, Kingdom Hearts, Devil May Cry... inúmeros jogos se propõem a criar essa hipnose em forma de combate. O ponto dessa introdução não é apresentar o que Relink faz diferente desses outros jogos, mas apontar o que o torna tão divertido e consequentemente prazeroso de se jogar: esse constante “choque”, a “dopamina” gerada, a inconsequência perpetuada pelo “prazer”... tudo a partir de um combate eloquente.


Entretanto, tal eloquência parte de uma base extremamente simples, a ponto de Relink não necessitar tanto do aspecto mais motor como alguns dos jogos mencionados a cima. Todas as ações partem de um seleto grupo de botões, criando assim um determinado padrão que irá se perpetuar ao longo do combate. Enquanto um é responsável pelos combos mais simples, o outro está ligado às ações especiais, já entre os bumpers e os triggers, o block e o dodge se fazem presente. Contudo, em meio a essa dicotomia de inputs, há uma roda de habilidades dará ao combate um caráter mais complexo e, por fim, temos o pulo, a ação mais básica no botão mais tradicional que há. Um combate caótico partindo de uma estrutura bem simples e ordenada. Exagerando um pouco aqui, isso é bem similar ao combate minimalista de Shadow of the Colossus (2005), que igualmente parte de um padrão para então gerar momentos tão icônicos e sufocantes.


Granblue Fantasy Relink é algo como Shadow of the Colossus, mas sem o minimalismo.


Reprodução: Cygames

Disso surge o seguinte questionamento: o combate não se torna algo tedioso? Bem, a resposta está entre os 20 personagens oferecidos pelo jogo. As ações, as habilidades, até mesmo as animações e os seus designs são  aspectos muito particulares e icônicos de cada um, sem falar da forma em que eles lidam com o padrão. Alguns personagens vão trabalhar com a nuance de combos simples e especiais, outros vão adotar o uso de ataques carregados durante os combos e vão ter aqueles que são mais focados em combates a distância. Por mais que se exista sim um padrão de jogabilidade, cada personagem vai ter um modo único de lidar com ele, ainda mais quando considerando as rodas de habilidade.


É um aspecto extremamente divertido de se ir conhecendo e experimentando, caso esteja cansado de um personagem, por que não testar um outro?


Contudo, não basta só isso para o combate ser tão hipnótico, pois a estética exerce uma grande influência na dinâmica das lutas. Um espetáculo de cores e números são pertinentes ao fluxo do combate, bem como as mecânicas ligadas à cooperação entre os personagens, as quais acabam gerando um belo e contagiante feedback audiovisual, retomando ao que foi dito bem na introdução. Mecânicas como link attack – um ataque conjunto após o inimigo perder a postura – são satisfatórias de serem utilizadas, tanto pelo aspecto da cooperação quanto pela ação em si mesmo, na qual encadeia tanto no prazer da ação quanto pelo prazer pela estética oferecido através de um show visual consequente da mecânica.


Além disso, também temos as supremas de cada personagem, chamadas Skybounds, que possuem animações extremamente exageradas e carregadas de ação e que bem coordenadas entre todos os membros resulta em um ataque único, finalizando com uma satisfatória tela de Full Burst. Disso também discorrem outras mecânicas como a câmera lenta temporária após a barra de Link se encher, ou quando um chefão entra em estado de Break, mais conhecido como atordoamento, após sair da forma mais agressiva dele. Este é o tato pela cooperação, algo como um prazer pela consciência de que você não é o único ali, e todos estão dando o máximo como você.


Reprodução: Cygames

Por mais que o combate em si seja algo tão prazeroso, ele parte claramente de todo um contexto, no qual é abordado dentro do cenário da campanha principal, trabalhada com missões mais longas e as caçadas ao estilo Monster Hunter. Há a uma dicotomia entre ambos os contextos, uma tão forte a ponto de oferecer experiências totalmente distintas entre si na medida em que Granblue Fantasy Relink parece se transfigurar totalmente de um contexto para outro: experiências distintas em um único jogo.


A campanha principal segue um arco em específico da série Granblue. Não irei entrar em detalhes pois não sou um fã da série, e honestamente só fui descobrir isso minutando na barra da comunidade da Steam. Voltando ao ponto, dessa forma a narrativa aqui é algo mais complexo, envolvendo inúmeros momentos singulares e mirabolantes que uma única missão poderia vir a prover, sendo assim o jogador será exposto por uma experiência bem épica com momentos extremamente carregados da ação, aspecto o qual já venho prestigiando ao longo do texto.


Para além disso, em razão da particularidade entre as missões sempre vão haver momentos totalmente destoantes da estrutura base para gerar uma experiência única. Para evidenciar sem dar spoiler, poderia fazer uma analogia com aqueles momentos minigames dos JRPGs como na série Breath of Fire. Sei que para aqueles que jogaram Relink isso talvez soe um baita de um reducionismo, porém é uma analogia que não apaga o impacto das suas surpresas mais icônicas.


Outro ponto importante a se destacar sobre a campanha é como ela possui um protagonista no meio dos 20 e poucos personagens jogáveis. Com isso, acaba sendo estranho experimentar novos personagens sob um contexto no qual um outro tem foco. Sem falar que o jogo ele te força a ter ele presente na party. Não é algo que de fato lhe impede de testar e experimentar, mas realmente é desconfortante jogar com um personagem que foge totalmente do contexto apresentado.


Reprodução: Cygames

Agora sobre as missões de caça, como dito anteriormente, é algo bem próximo a Monster Hunter e quando comparadas com as principais missões da campanha, parecem extremamente simples, diretas, e curtas. Elas podem serem acessadas ao longo da história, mas a sua experiência é similar às sidequests dos demais RPGs, não chegando a ser algo forte dentro da minha experiência.


O ápice das caças sem dúvida está no pós game: aqui é o momento onde está a verdadeira experimentação dos personagens, incluindo também o clássico grind para a construções de builds. Contudo, pelo fato de serem missões mais reduzidas em relação às da campanha, Granblue Fantasy Relink pode vir a se tornar um jogo repetitivo e tedioso para aqueles que amaram com todo o coração a campanha principal.


Não há mais toda aquela ação esbanjada em momentos épicos, aqui é uma ação mais direta: o combate sob um contexto primordial. É compreensível apreciar uma parte da experiência enquanto não consegue contempla a outra, vão ter aqueles que irão apreciar as longas e épicas missões, enquanto terão àqueles que preferem o combate mais direto em conjunto da profundidade da construção de builds


É sob tal panorama em que Granblue aposta toda a sua extravagante e prazerosa ação: em uma campanha épica e missões simplórias que exploram ao máximo as capacidades dos seus sistemas. Contextos extremamente distintos que irão agradar determinados públicos. Contudo, não é algo que elimina o charme contagiante do combate hipnótico que Relink apresenta. Sem dúvida que para aqueles que assim como eu gostam de degustar de uma boa dose de dopamina, Relink é um bom jogo para se conhecer, e provavelmente é uma das grandes surpresas de 2024. Agradecemos gentilmente à Nuuvem pelo envio de uma chave de Granblue Fantasy: Relink para análise.


Texto editado e revisado por Maya Souza (@ShinMayanese).



Siga-nos nas nossas redes sociais!



E que tal entrar no nosso grupo do Discord? Lá temos vários eventos, materiais de estudo e uma comunidade incrível esperando por você. É só clicar aqui!


36 visualizações0 comentário

Comments


bottom of page