Todo jogador ávido de videogame, ou mesmo os que passam de vez em quando pelo catálogo de obras interativas, possui uma trilha sonora favorita, ou pelo menos sabe reconhecer parte dos grandes hits que compõem essa vasta categoria musical.
Entretanto, existem algumas pessoas que não somente amam trilhas sonoras, como também compartilham deste amor e conhecimento pela música fora dos videogames.
Hoje, nós vamos falar de uma dessas pessoas que tive o prazer de conhecer ao longo do último ano: Victor Eduardo, de 19 anos, morador de São Paulo/SP, também conhecido nas redes sociais como “Cabeça de Galinha”.
O membro do Game Design Hub nos forneceu uma entrevista descontraída e “cheia de gracinha” sobre suas influências, primeiras experiências com jogos e música, como surgiu a ideia do Game Design Club além de revelar os planos futuros deste personagem que tem contribuído drasticamente no crescimento da nossa comunidade. Boa leitura, meus amigues!
Pra começar, como surgiu o nome “Cabeça de Galinha”? Foi algo que você criou ou atribuíram a você?
Victor: Antigamente eu usava o arroba "ViictorSR388", por causa de Metroid. É uma franquia que eu gosto bastante até hoje, inclusive, só que o meu amor por Hotline Miami acabou se tornando mais aparente com o uso da imagem do personagem "Jacket" nas redes sociais. As pessoas começaram a se referir a mim como "o cara que tem um personagem com uma cabeça de galinha na foto de perfil" e o apelido acabou pegando. Eu gostei bastante.
Metroid foi a sua primeira experiência marcante com jogos?
Victor: Segundo a minha mãe, a impressão que ela tem é que eu sempre fui apaixonado por videogame desde bebê, pois vivia apertando botões sejam eles quais fossem, tipo daquelas máquinas de cassino que ficavam nos mercadinhos antigos.
Mas, assim como muita gente, os meus primeiros contatos sólidos com os videogames foram por conta de um primo que me influenciava muito quando eu era criança.
Essa influência era indireta, através de um Playstation 2. Eu passava muito tempo ao lado desse primo, assistindo enquanto ele jogava um CD de emulação de Super Nintendo (SNES). Nessa época eu pedi para o meu pai instalar um emulador de SNES no nosso computador, então as minhas primeiras experiências foram com jogos mais antigos à minha época, incluindo Metroid. Desde então eu explorei diversas bibliotecas e os jogos se tornaram um dos meus passatempos favoritos.
Muito bom saber que a fixação em apertar botões começou desde cedo! E com a música, como foi o início desse relacionamento?
Victor: Da mesma forma que foi com os videogames, o responsável pelas minhas primeiras lembranças com a música eletrônica – gênero que eu sou mais apaixonado – se deram com o mesmo primo. Meu pai também me apresentou muita música eletrônica, mas eu acabava só acompanhando de longe os gostos deles.
Conforme o tempo foi passando, por volta do Fundamental 2, mais ou menos com 14 anos, foi quando eu comecei a me apaixonar de verdade pelo gênero, mas na sua forma mais comercial. Nessa época eu gostava muito de ouvir trap, mas não da forma que a gente conhece hoje. Eu me divertia muito acompanhando os artistas do Cloud Rap (e as fofocas sobre eles) na época "pré" Rafa Moreira.
Se eu pegasse a playlist de músicas do Cabeça de Galinha com 14 anos de idade, o que eu encontraria?
Victor: Muito eletrônico, trap e hip hop! Provavelmente você deve se lembrar de San Holo em canais como TrapNation, ou mesmo de remixes no SuicideSheep. Conhecia muitas músicas através de canais que o algoritmo do Youtube apresentava, lembro com carinho de Monstercat e principalmente Dubstep Gutter. O Rock e Metal que eu consumia vinha principalmente das bandas que apareciam em Guitar Hero, mas eu sempre senti falta de ter pessoas para conversar sobre música, principalmente quando eu comecei a me interessar mais pela parte teórica da coisa.
Aproveitando o gancho, quando foi que você percebeu que a música não era só um lazer, mas sim algo que você queria aprender sobre cada vez mais?
Victor: Isso ainda é muito recente pra mim. Começou por volta de 2018, quando eu revisitei aquela dupla nada conhecida, um tal de "Daft Punk" (ironia). Cheguei nos meus amigos da escola alucinado, falando sobre pessoas azuis cantando uma música chamada “One More Time”. A chavinha girou por completo quando me vi ouvindo a discografia inteira, vendo todos os processos de criação daquele álbum, aí não tinha mais volta, eu já estava apaixonado em aprender os processos de criação de músicas, nomenclaturas, gêneros, subgêneros...
Agora que já sabemos que você é apaixonado por música e videogame me diz: quando foi que as duas coisas começaram a fazer sentido em conjunto para você?
Victor: Boa pergunta! Por volta de 2017, 2018, eu tive uma sequência de experiências que considero “canônicas” para quem eu sou hoje. Hotline Miami e Bastion foram dois dos principais títulos que, quando eu pensei que não, já estava imerso.
Hoje, se você pegar alguns dos meus jogos favoritos, Hades, Bastion, Doom 2016, Hotline Miami e Jet Set Radio, vai perceber que todos eles tem uma coisa em comum: trilhas sonoras f*das! Essas experiências me resgataram, e me fizeram dar valor no que significa a música nos videogames.
Falar com você sobre música é uma experiência incrível, e a gente sempre sai com uma tonelada de indicações e conhecimento sobre novos termos musicais. Foi depois que você entrou no Game Design Hub que surgiu essa vontade de indicar e ensinar sobre música?
Victor: Longe de ser a primeira vez que eu tenho essa vontade. Quando eu comecer a mergulhar em muitos álbuns, de 2020 pra cá, e a enxergar a música como uma obra por completo, senti a necessidade de recomendar para os meus amigos o que eu achava legal. É muito comum receber áudios meus de 2, 3 minutos falando sobre uma música e a construção da indicação. Depois que eu entrei no GDH me incentivaram a começar uma newsletter, que nomeei de "Recomendação do Dia", e tenho gostado muito da aderência dos membros e do formato.
Acredito que agora estamos na cereja do bolo. Além da newsletter, você tem se aventurado na compilação de músicas e transições de trilhas sonoras de videogame, não é? Conta mais pra gente sobre isso!
Victor: Esse é um projeto bem recente. Ultimamente eu separei um tempo para estudar e me propus a pesquisar mixes de músicas para ouvir no Youtube, principalmente sobre música eletrônica. Foi no meio de muitas compilações de Jungle e DnB (Drum and Bass) que eu acabei descobrindo que eu sou muito mais fã desses estilos do que eu imaginava ser.
Em uma dessas aventuras musicais, acabei me deparando com a música What do You Think, da banda Date of Birth. Eu fiquei apaixonado pelo que eu estava ouvindo, e fui procurar saber sobre o jogo japonês que carrega o single na trilha sonora, Planet DoB. Foi quando eu resolvi que queria compilar músicas de videogames, em formato de mix, de acordo com os estilos e gêneros musicais parecidos. O nome do mix não poderia ser melhor: Game Design Club. E foi assim que até o momento editei 5 mixes de músicas, cada um com uma temática diferente.
O Game Design Club é sensacional e já se tornou um evento na nossa comunidade! Além dos mixes, existe algum outro conteúdo que você ainda quer produzir?
Victor: Como eu estou buscando conhecer tudo quanto é coisa sobre música, falando com muita frequência e principalmente ouvindo, me vi na curiosidade de reunir o útil ao agradável. Tenho muita vontade de evoluir comunicativamente, e como incentivo para buscar e começar a produzir mais conteúdo sobre isso tenho escrito e organizado roteiros para vídeos curtos. Meu intuito daqui pra frente é continuar com a newsletter, o Game Design Club, começar a escrever textos sobre videogame e música no Game Design Hub e usar as redes sociais para apresentar músicas, gêneros e momentos específicos da indústria para quem gosta do assunto e para quem ainda não sabe sobre o assunto.
Para o pessoal que ainda não conhece ter ideia do que se trata o Game Design Club na prática, você poderia dar alguns spoilers de como foi o processo de produção da 5ª edição?
Victor: Claro! Nessa edição eu pude finalmente voltar para a musicalidade que inspirou a concepção do projeto. Estamos falando do Jungle, Drum and Bass e Intelligent Drum and Bass, que são gêneros que já se fizeram muito presentes nos videogames.
Assim como na primeira edição, o mix começa com uma música de Planet DoB e que aqui dita bem a atmosfera que grande parte da seleção de música seguiu como critério. Os jogos que dão a cara por aqui fazem parte da quinta e sexta geração de consoles, temos Deadly Arts, Extreme G2 Xg2, Ape Escape e o próprio Planet DoB. Mas... Quem quiser saber mais sobre o mix vai ter que conferir o meu canal do Youtube ou o texto que vai sair em breve aqui no GDH!
A nossa entrevista se encerra por aqui e agradecemos muito ao Cabeça de Galinha pelas contribuições com o Game Design Hub! Estamos ansiosos para ver o que vem pela frente.
Se você gostou da entrevista e se interessou pelo conteúdo do Victor, a partir de hoje ele integrará o nosso time de escritores, com uma coluna exclusiva para falar sobre o Game Design Club, além de roteiros escritos sobre os conteúdos musicais relacionando músicas com videogames. Não esquece de seguir a gente nas redes sociais para ficar de olho nas novidades!
Redes do Victor:
Instagram e Twitter: @viictorgois
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Adorei esse cara, parece gente fina 🐔